quarta-feira, 14 de março de 2012

AUSÊNCIAS

" A AUSÊNCIA QUE ME CERCA TORNA-ME AUSENTE DE MIM POIS NA SAUDADE, SINTO TAMBÉM UM FORTE AROMA DE SOLIDÃO." 

   Não é fácil sentir saudades, mas, é gostoso senti-la como sopro de lembrança de algo que nos faz falta. A ausência causa-nos esta saudade, nem sempre bem vinda, por vezes forçada, quase nunca compreendida. Saudade só é boa quando sabemos que um dia ela vai passar, porém, quando do contrário, ela se torna uma condição permanente causa dor, impotência, inércia.
   A ausência meus caros, é estado de espírito, pois, nos torna seres nostálgicos, mesmo que a procura por outros estados se faça, o espaço não mais preenchido será alvo de uma perceptível sensação de vazio.
  Um amigo que se foi, um amor que partiu e partiu consigo o nosso coração, um avô que já não traz calmaria e risos, uma avó que não exala mais cheiro de comida caseira, um pai, uma mãe, um filho, enfim, um acréscimo que fora transformado em ausência sem que pudéssemos escolher não caminhar sozinhos. Saudades que são sentidas no silêncio da alma mesmo quando largos sorrisos invadem nosso rosto.
  Mas, essa ausência tão sentida não nos impede de perceber as presenças que marcam nosso dia a dia, não em substituição ao insubstituível, mas, como novo acréscimo de um mar de novas possibilidades. Às vezes escolhemos estar ausentes da vida de alguém... Às vezes somos impedidos de estar presentes. Isso é marca, e toda marca há de se tornar cicatriz.
  Desse modo, abram sempre as janelas da alma para receberem os seus, não se ausentem daqueles que amam enquanto houver possibilidades, não permita que seu rosto, sua voz, seus trejeitos, se tornem esquecimento na vida de alguém que, o que mais quis foi ter sua presença e já tendo-a por um breve momento, se desfez com a partida ou com a falta de tempo.
  A vida se esvai caríssimos, e se não formos chama viva na vida daqueles que tanto sentem nossa ausência, por mais diminuta que seja, correremos o risco de tornar costumeiro o sentimento de falta de tal forma que um dia, esta já não seja sentida, existirão dias em que, nem nós poderemos mais estar presentes, nem o outro, ou porque tiveram que partir, ou porque partimos, porem, cujo caminho da volta já não exista mais, pois, a própria vida que possibilita as idas e voltas, tenha também ido embora sem que a despedida tenha sido de um simples até breve, mas sim, de um eterno adeus.


TEXTO: ADRIANA PESCA

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